E se nós fossemos iguais tartarugas...
E se nós fossemos iguais as tartarugas e nossos pais nos deixassem numa praia a qual nasceram e retornavam agora ali para cavar um buraco e depositar seus ovos e depois os cobrissem com areia e retornassem pro mar sem culpa, mas com o extinto saciável porque fez a coisa certa, e agora, os únicos pais que tínhamos seria a sorte e era ela que tomaria de conta e evitaria os perigos.
Passam dias e semanas e o ciclo se completa os ovos quebram e assim como moscas no açúcar estão os pássaros e outros animais à nos esperar para se alimentar e se fartar, e a sorte? A sorte nunca foi tão necessária como agora, os olhos atentos a cada movimento, a comida fácil, a falta de defesa, é prato principal e sobremesa com recheio extra. Olhar pra frente e ver um futuro muito pior que o de agora, o azul não é tão azul como se pensa, mas é chamativo e atraente, é belo e tem algo que nos empurra pra lá, de todos que ficaram nos ovos metade já não existe. E a praia parece mais um restaurante self- service de uma empresa de operários famintos, os que quase chegam e sentem a água e logo são puxados, nem sabem o que lhes abordou traiçoeiramente e já estão mais perto do azul do céu que do azul do mar. Mas alguns, poucos alguns, alcançaram seus objetivos e patas funcionam como remos, mas ao contrário do que se pensava o mar é bem mais perigoso que a terra, pois ali também há esperas por comida, o jeito é se esconder e comer pra não ser devorado, o tempo passa e um casco de gramas passa pra quilos que parecem toneladas agora a sorte nos ajuda a nos livrar de nós mesmo, os humanos, esses são os verdadeiros animais, nem de longe racionais, e sim imorais a vida e o respeito a ela, arpões, tiros, varas, a dor, a perda, é algum tipo de vingança?? Não, é simplesmente ganância por um pedaço de papel, ou pedaços de metais, sim, troca-se vida por papel. Porém os que da sorte são filhos primogênitos passeiam pelas águas salgadas por mais de um século e alguns lustres, e a vida acaba porque tem que acabar e não por imposição de outra espécie. Isso que é vida.
No entanto nascemos humanos, e ao contrário ficamos na água enquanto nos desenvolvemos depois vamos para terra, e em vez de águas azuis, são choros de vida, é ar com cheiro de éter, e os pais estão ali esperando com roupinhas e emoção, sem garras, bicos ou mordidas e depois de nascer vamos crescer e crescer vamos nós alimentar de peixes, vacas e até tartarugas e seus ovos. Vão nos agradar no tempo em que tiver 1 metro de altura e nos despachar quando tiver uns centímetros a mais, vamos ter novos humaninhos assim como as tartarugas vão voltar e deixar os ovos na praia novamente. Sorte é a nossa que nossos pais não nos abandonam (na maioria das vezes), não nos deixam virar comida e se possível nadam por nós e não os deixam morrer na praia. Apenas temos que nos tornar mais humanos!
Thaysa Marinho Farias
28/12/2009